
Um incêndio é uma reação em cadeia. Ele começa em um ponto e, se não for contido, busca se espalhar em todas as direções, consumindo tudo em seu caminho. A estratégia mais eficaz para quebrar essa corrente é a compartimentação – a arte de criar barreiras resistentes ao fogo dentro da própria edificação.
No Distrito Federal, as regras para projetar essas barreiras são definidas pela Norma Técnica N° 15/2022-CBMDF. Ela é o complemento direto da NT 14 (TRRF), determinando onde e como os elementos construtivos devem agir para isolar um incêndio, protegendo vidas e o patrimônio.
Vamos entender os conceitos de compartimentação horizontal e vertical e por que eles são indispensáveis para a aprovação do seu projeto.
O Princípio da Caixa: Por que Compartimentar?
A ideia por trás da compartimentação é simples e genial: transformar grandes áreas de uma edificação em “caixas” menores e seguras. O objetivo é confinar o fogo no seu compartimento de origem pelo maior tempo possível. Isso garante:
- Tempo para Evacuação: As rotas de fuga permanecem seguras por mais tempo.
- Proteção do Patrimônio: Os danos são limitados a uma área específica, em vez de se espalharem por todo o prédio.
- Segurança para os Bombeiros: As equipes de combate podem atuar de forma mais segura e estratégica.
Compartimentação Horizontal: Contendo o Fogo no Mesmo Pavimento
Este é o primeiro eixo da proteção. A compartimentação horizontal visa impedir que o fogo se espalhe lateralmente, de uma sala para outra ou de um galpão para o outro no mesmo andar.
Quando é exigida?
A Tabela 01 do Anexo A da norma estabelece os limites máximos de área para cada tipo de ocupação. Se a área do seu pavimento ultrapassar esse limite, você precisará dividi-lo em compartimentos menores.
Como é feita?
- Paredes Corta-Fogo: São as principais barreiras, construídas com materiais (alvenaria, drywall específico) que possuem o TRRF (Tempo Requerido de Resistência ao Fogo) adequado para a edificação.
- Portas Corta-Fogo (PCF): Toda abertura em uma parede de compartimentação para a passagem de pessoas deve ser protegida por uma PCF.
- Selos e Dampers Corta-Fogo: Aberturas para a passagem de instalações (elétricas, hidráulicas, dutos de ar-condicionado) são pontos vulneráveis. Elas devem ser protegidas com selos e dampers que se expandem com o calor, bloqueando a passagem de fumaça e fogo.
Compartimentação Vertical: A Barreira Entre os Andares
Este é o segundo eixo, focado em impedir que o fogo suba de um andar para o outro – o chamado “efeito chaminé”.
Como é feita?
- Entrepisos (Lajes) Corta-Fogo: A própria laje entre os pavimentos deve ter o TRRF exigido, funcionando como a “tampa” e o “fundo” da caixa de compartimentação.
- Proteção de Aberturas Verticais (Shafts): Todas as aberturas que conectam os andares são pontos críticos. Escadas, poços de elevadores e dutos de instalações devem ser devidamente enclausurados com paredes e portas corta-fogo.
- Compartimentação Externa (Fachadas): O fogo também pode se propagar pelo lado de fora do prédio, saindo por uma janela e entrando na janela do andar de cima. Para evitar isso, a NT 15/2022 exige elementos como vigas, parapeitos ou abas entre as aberturas de pavimentos consecutivos, criando uma barreira física com altura mínima de 1,2 metros.
Arghon Engenharia: Projetando Barreiras Inteligentes
A compartimentação eficaz é uma ciência de detalhes. Não se trata apenas de construir paredes, mas de garantir que cada abertura, cada passagem de duto e cada elemento de fachada trabalhe em conjunto para criar um sistema de proteção passiva coeso e eficiente.
Na Arghon Engenharia, dominamos as complexidades da NT 15/2022. Projetamos soluções de compartimentação que não apenas cumprem todas as exigências do CBMDF, mas que também são integradas de forma inteligente ao seu projeto arquitetônico, garantindo segurança, conformidade e viabilidade.
Não deixe a propagação do fogo ser um risco para seu projeto.