Quiosques, restaurantes temáticos, áreas de lazer em hotéis. Uma cobertura de sapé, piaçava ou fibras naturais evoca uma sensação imediata de aconchego e rusticidade. Mas por trás dessa beleza orgânica, existe um risco de incêndio altíssimo. Esses materiais são, por natureza, altamente combustíveis e de propagação de chamas quase instantânea.
Para garantir que o charme não se transforme em cinzas, o Corpo de Bombeiros do DF publicou a rigorosa Norma Técnica N° 30/2024, com procedimentos específicos para essas edificações.
Este não é um projeto comum. É um desafio de engenharia que exige conhecimento especializado. Vamos decifrar os pontos cruciais desta norma.
O Risco Inerente: Por que uma Norma Específica?
Diferente de uma telha cerâmica ou metálica, uma cobertura de fibra vegetal é, essencialmente, combustível seco. Uma única faísca de uma instalação elétrica, uma fagulha de uma churrasqueira próxima ou um curto-circuito podem iniciar um incêndio de alastramento explosivo.
A NT 30/2024 foi criada para mitigar esse risco extremo, impondo um conjunto robusto de medidas de segurança passiva e ativa.
Os Pilares da Proteção na NT 30/2024
Um projeto para edificações com cobertura de sapé deve ser impecável em vários aspectos. Os principais são:
1. Isolamento é a Primeira Regra (Fontes de Calor e Afastamentos)
O fogo precisa ser mantido longe da cobertura. A norma é taxativa:
- Fontes de Calor: Fogões, fornos e churrasqueiras devem estar em compartimentos separados, com piso e paredes incombustíveis.
- Chaminés e Coifas: A saída de fumaça deve estar a, no mínimo, 2 metros de distância de qualquer parte da cobertura de fibra.
- Central de GLP: Deve estar fora da projeção da cobertura, a pelo menos 3 metros de distância.
- Isolamento de Risco: A edificação como um todo precisa ser isolada de outros riscos, mantendo uma distância mínima de 100 metros de postos de combustíveis, depósitos de gás ou explosivos.
2. O Coração da Segurança: Tratamento Antichamas
Para edificações com área construída superior a 200 m², a norma torna obrigatório um dos itens mais técnicos e importantes:
- Aplicação de Material Retardante de Chamas: A cobertura de fibra (por cima e por baixo) deve receber um tratamento químico que iniba a propagação do fogo (classificação C.M.A.R. Classe II-A).
- Laudo e ART: A aplicação desse produto deve ser comprovada por meio de um laudo técnico e uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), assinada pelo profissional responsável. Sem isso, o projeto não é aprovado.
3. Medidas de Segurança Contra Incêndio por Área
A complexidade dos sistemas exigidos aumenta com o tamanho da construção:
- Até 200 m²: Exige o básico, mas essencial: Extintores, sinalização, iluminação de emergência e saídas de emergência bem dimensionadas.
- Acima de 200 m²: Adiciona-se extintores sobre rodas, o já citado tratamento antichamas e a obrigatoriedade de treinamento de brigada de incêndio para todos os funcionários.
- Acima de 750 m²: O nível de proteção sobe drasticamente, exigindo um sistema de hidrantes e mangotinhos e um sistema de alarme de incêndio. Além disso, torna-se obrigatória a instalação de sistemas de aspersão de água (sprinklers) para manter as fibras úmidas ou para combate direto.
4. Saídas de Emergência Rápidas e Largas
Devido à velocidade do fogo, a evacuação precisa ser quase instantânea. A norma exige:
- Distância Máxima a Percorrer: Apenas 15 metros de qualquer ponto até uma saída.
- Largura Mínima: As saídas devem ter no mínimo 2 metros de largura.
- Barras Antipânico: Obrigatórias para locais com mais de 50 pessoas.
Arghon Engenharia: Do Charme Rústico à Segurança Aprovada
Como vimos, projetar uma edificação com cobertura de sapé ou piaçava no DF é uma tarefa de alta responsabilidade, que vai muito além da arquitetura. Exige um profundo conhecimento em isolamento de risco, proteção passiva, sistemas hidráulicos e, claro, um domínio completo da NT 30/2024.
A Arghon Engenharia possui a expertise necessária para transformar seu projeto rústico em uma realidade segura e aprovada pelo CBMDF. Cuidamos de todos os detalhes, desde a especificação do tratamento antichamas até o dimensionamento do sistema de hidrantes, garantindo que o charme da sua edificação não represente um risco para ninguém.
Planejando construir com cobertura de sapé? Não corra o risco de ter seu sonho reprovado.
