
Uma das perguntas mais comuns e importantes ao iniciar a regularização ou a construção de uma edificação é: “Qual o valor de um projeto de combate a incêndio?”
A resposta, no entanto, não é um número fixo. O preço de um Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico (PSCIP) pode variar drasticamente dependendo de uma série de fatores técnicos. Tentar definir um valor sem antes analisar o imóvel é como tentar adivinhar o custo de um carro sem saber o modelo.
Se você está buscando orçamentos ou é um profissional iniciante tentando precificar seu trabalho, este guia completo vai desmistificar a composição de preços e te dar um panorama claro do mercado, com base na pesquisa “Panorama de Precificação de Projetos 2024” da AltoQi.
Os 3 Fatores que Mais Influenciam o Valor do Projeto
O preço final de um PSCIP é diretamente influenciado pela complexidade da edificação e pelo tempo de trabalho do profissional. Estes são os três principais fatores:
- Tipo de Edificação (Uso): A finalidade do imóvel é o fator número um.
- Residencial Unifamiliar (Casa): Geralmente, são projetos mais simples, com valores menores.
- Residencial Multifamiliar (Prédio): A complexidade aumenta. Envolve pavimentos-tipo, garagens, áreas comuns, hidrantes, alarmes, etc., o que eleva o custo.
- Comercial: É a categoria mais ampla e que, em média, possui os projetos mais caros. Lojas, escritórios, restaurantes e, especialmente, depósitos, têm riscos mais elevados e exigem sistemas de segurança mais robustos.
- Área Total (m²): Logicamente, quanto maior a edificação, mais trabalho de dimensionamento, detalhamento e desenho será necessário. Isso impacta diretamente o valor final.
- Complexidade do Layout: Este é o fator que muitos clientes não percebem. Um galpão de 1.000 m² de vão livre é infinitamente mais simples de projetar do que um escritório de 1.000 m² dividido em dezenas de salas, corredores e andares. Cada compartimento exige análise de rota de fuga, posicionamento de equipamentos, o que demanda muito mais tempo do engenheiro e eleva o preço do projeto.
Qual o Valor Médio por Metro Quadrado (m²) de um PSCIP?
Embora precificar apenas pelo metro quadrado seja um método simplista e que ignora a complexidade, ele serve como um excelente balizador para ter uma noção de mercado. A pesquisa da AltoQi nos dá os seguintes valores médios nacionais para projetos preventivos de combate a incêndio:
- Casas (Residencial Unifamiliar):
- Preço médio nacional: R$ 4,50/m²
- Prédios (Residencial Multifamiliar):
- Preço médio nacional: R$ 4,00/m² (O valor por m² tende a ser menor porque a repetição dos pavimentos-tipo otimiza o trabalho).
- Comercial:
- Preço médio nacional: R$ 13,00/m² (Note como o valor mais que triplica devido à maior complexidade e responsabilidade técnica).
Fonte: Panorama de Precificação de Projetos 2024, AltoQi.
Importante: Estes valores são uma média nacional. Dependendo da sua região (Sudeste, Sul, Nordeste), os preços podem variar para cima ou para baixo. A região Sudeste, por exemplo, tende a ter os valores mais altos, enquanto a Sul e Centro-Oeste podem ter preços mais competitivos.
Métodos de Precificação: Como o Valor é Realmente Calculado
No dia a dia, um profissional experiente não irá simplesmente multiplicar a área por um valor. O cálculo mais justo e preciso se baseia nos custos e no esforço envolvidos. Basicamente, existem duas abordagens:
- Precificação por Hora Técnica (Método do Esforço):
Este método é o mais profissional. O engenheiro ou arquiteto calcula:- Quantas horas (ou dias) ele levará para analisar, calcular, desenhar e detalhar o projeto.
- Qual é o custo da sua hora de trabalho, que inclui seu salário desejado, custos fixos (aluguel do escritório, software, internet), impostos e a margem de lucro da empresa.
- Precificação por Metro Quadrado (Método do Mercado):
Como vimos, 70% dos profissionais ainda usam o m² como base. É um método rápido, mas só funciona bem se o profissional tiver uma tabela de referência ajustada para a complexidade:- Projetos Simples (ex: galpões): Valor de m² mais baixo (ex: R$ 4,50/m²).
- Projetos Complexos (ex: prédios comerciais, hospitais): Valor de m² mais alto (ex: R$ 12,00/m² ou mais).
- Regularizações: Geralmente têm um valor de m² maior, pois exigem um levantamento arquitetônico prévio do local, o que aumenta o trabalho.
Exemplo Prático: Comparando as Abordagens
Vamos analisar um prédio comercial de 900 m², como uma repartição pública com várias salas.
- Pela média de mercado (m²):
- 900 m² x R
13,00/m2(média nacional)=∗∗R13,00/m2(meˊdianacional)=∗∗R
11.700,00**
(Na minha região, com valor de referência em R4,50/m2,dariaR4,50/m2,dariaR
4.050,00).
- 900 m² x R
- Pelo meu cálculo de custos e esforço:
- Custo de mão de obra: Estimo 2 dias de trabalho, o que, com base no meu valor/dia (definido pelo meu salário-meta e custos), resulta em R$ 1.500,00.
- Custos fixos do contrato: ART, deslocamentos e impressão: R$ 200,00.
- Despesas + Lucro + Impostos: Adicionando as margens sobre os custos, chego a um valor de venda em torno de R$ 3.940,00.
Neste caso, os dois valores estão próximos, indicando que a precificação é justa e está alinhada ao mercado da minha região.
Conclusão: O Valor de um Projeto Está na Segurança
O valor de um Projeto de Combate a Incêndio é mais do que uma simples soma de custos; é um investimento na segurança das pessoas e na conformidade legal do seu imóvel.
Ao solicitar um orçamento, não busque apenas o preço mais baixo. Avalie a clareza da proposta, a expertise do profissional e a sua capacidade de entregar um projeto que não só será aprovado pelo Corpo de Bombeiros, mas que funcionará de verdade em uma emergência. O barato pode sair muito, muito caro.